Brincar de Concentrar

Às segundas-feiras, o estudante Iori Kaiser Dumont, 7, acorda bem cedinho para acompanhar a mãe nas aulas de tai chi chuan - arte marcial chinesa que consiste em uma série de exercícios lentos que relaxam o corpo e a mente, além de trazer benefícios ao físico.

Assim como Iori, que optou pelo inusitado tai chi em detrimento dos agitados, e também benéficos, futebol e natação, por exemplo, outras crianças têm praticado atividades que, em resumo, privilegiam a integração de corpo e mente, sob os aplausos dos pais, que observam em seus filhotes uma queda na ansiedade, maior capacidade de concentração e um maior reconhecimento de si e de sua identidade. Assim como o pequeno Iori, João Pedro, Gabriel, Elis, João Paulo, Victor e Henrique são exemplos de crianças que aderiram a práticas holísticas como a yoga, a meditação, o gatka (espécie de luta indiana) e o próprio tai chi chuan.

"Com esse mundo caótico que temos, as crianças estão tendo os mesmos problemas dos adultos, estão ansiosas e inseguras. Para elas, está sendo muito importante esse aprendizado de se tranquilizar, acalmar, e buscar a solução que está dentro dela e não fora", analisa a instrutora de tai chi chuan Luciana Maia.

Há pouco mais de um mês, Iori começou a participar efetivamente das aulas, acompanhando o ritmo da turma de adultos. "Ele se concentra muito, observa bastante, toma muito cuidado para fazer todos os movimentos e não perder o que o professor está passando. Mas parece um esforço e uma vontade natural da parte dele", considera a mãe do menino, Ágata, que também pratica o tai chi.

Corpo e mente
Esta naturalidade é explicada pela instrutora Luciana Maia. Ela afirma que o tai chi busca trazer o adulto a um maior enraizamento, uma maior ligação com a terra o que, nas crianças, é algo já natural. "Quando o adulto busca o tai chi, ele está procurando o retorno à própria essência, enquanto as crianças vão aprender de forma mais espontânea, uma vez que elas já são holísticas por natureza. Elas já têm corpo e mente integrados", pontua.

Ao contrário de Iori, que aderiu ao tai chi seguindo o exemplo da mãe, que já praticava, foi Gabriel Ataídes Arantes, 11, quem influenciou a mãe, Raquel, à prática da hatha yoga. Há dois anos e meio, o garoto, iniciou na atividade levado pela preocupação da mãe com sua pouca atenção. "A yoga praticamente mudou minha vida. Fiquei mais tranquilo, mais atento e tenho mais equilíbrio agora", conta. O resultado em seu comportamento foi tão positivo, que fez com que a mãe também se rendesse. "Vejo que melhorou tanta coisa! Hoje ele vive mais no presente, e vai sempre no ritmo dele. Isso é uma filosofia legal", considera Raquel.

"Das atividades extracurriculares, a yoga é a que ele não quer parar de jeito nenhum", revela.

Sobre tudo o que a yoga lhe trouxe, Gabriel conta que aprendeu várias coisas. Dentre elas, que existe uma força dentro de cada um que faz as coisas moverem. "Basta a gente querer que a gente consegue. É assim: você precisa querer, para ‘poder poder’. Mas tem que querer de coração, tem que querer muito", ensina.

A procura por aulas de yoga para crianças é antiga. Segundo Santosh Silvana Nascimento, gerente da escola de yoga Jai Vida, a busca acontece desde quando a escola começou a funcionar, há cerca de 30 anos. E ela fala da dinâmica da atividade para a garotada. "A aula depende muito da idade. Acaba sendo lúdica, principalmente quando as crianças são muitos pequenas. Cantamos o mantra (cantos devocionais), com uma sequência de exercício visual. Logo depois, entramos com as ásanas, posturas do yoga integral", explica.

Fonte: Jornal Pampulha

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