Quando hábitos desagradáveis chegam à aula de ioga

A ioga se trata de abandonar aborrecimentos menores e julgamentos tóxicos uma tarefa hercúlea para aqueles no ritmo de uma Nova York. Mas e se a irritação te persegue até a esteira, na forma de celulares tocando, exibicionistas e estraga-prazeres?

Existe algum manual compacto dizendo o que se deve e o que não se deve fazer no estúdio de ioga? Na verdade, não. Bom senso e camaradagem são normalmente a regra. Mesmo assim, professores e alunos, por mais tolerantes que sejam, vivenciam momentos enervantes. Aqui estão alguns, em nenhuma ordem particular, selecionados de entevistas e reclamações na internet.

SAÍDA RUIDOSA

Escutar um colega sair da aula ruidosamente, enquanto você está impregnado daqueles minutos finais de relaxamento muito merecido, é o equivalente a ser despertado no meio do sono por uma buzina ao seu lado (bem, quase). É tudo muito de repente, cedo demais.

"Você tá todo Zen", disse o blogueiro YogaDork, que pediu anonimato, descrevendo o esplendor da posição de descanso Savasana. "E as pessoas estão ficam mexendo nas mochilas e enrolando as esteiras."

ENTRADA RUIDOSA

O mesmo vale para pessoas que marcham para dentro da aula, açoitam o tapete e jogam seus pertences, às vezes no momento em que os outros estão meditando.

"O baque do tapete, aquilo é muito irritante", disse Anya Porter, professora e coordenadora do Yoga Works, em Midtown. "A aula é silenciosa. Às vezes tem uma música tocando. As pessoas conseguem ser muito barulhentas."

EXPOSIÇÃO EXCESSIVA

Certos homens são minimalistas ao se vestir para a ioga, e nem todos gostam de ter um homem suado e quase nu ao alcance do braço. "Alguns vêm de sunga", disse uma enfurecida Kendra Cunningham, amante da ioga e comediante que vive no Brooklyn. "Não estamos em Capri, estamos em Cobble Hill."

Ralph De La Rosa, gerente da Go Yoga, em Williamsburg, Brooklyn, que se descreve como acima de tudo tolerante, também estabelece o limite ao praticante masculino quase nu. "Gosto quando os caras ficam de camisa", disse.

Pior ainda é quando os homens usam shorts bem folgados para conforto, com nada embaixo, gerando desconforto entre as mulheres em volta. "É errado", disse uma mulher anômima que postou no website fitsugar.com, que recentemente falou sobre o que não fazer na aula de ioga. Durante os movimentos, disse ela, "ficava tudo balançando".

ATUAÇÃO SOLO

Cunningham repudia fortemente pessoas que desafiam o canto "Om" forçando um alto 'Ah'. Novamente, o culpado normalmente é um homem. "É uma sílaba", disse Cunningham, incrédula.

Iogues de ambos os sexos que conduzem sua própria sessão no meio da aula, escolhendo posições diferentes das orientadas pelo instrutor, também podem ser um desafio para professores. "Com certeza distrai", disse Porter. "Coloca a atenção e o foco naquela pessoa."

EFEITOS SONOROS

Jennifer Ginsberg, blogueira que posta no angstmom.com, escreveu recentemente sobre o dia em que o professor excepcionalmente tocou uma música pop em aula e o "inimaginável aconteceu".

"A mulher que fazia ioga do meu lado começou a cantar junto", escreveu. "Alto e desafinado."

Ginsberg se segurou para não gritar comandos obcenos mandando sua vizinha calar a boca. Ela considerou sair da aula. Mas o professor veio a seu resgate e pediu que a mulher parasse de cantar.

Gemidos dignos da Broadway são mais comuns do que cantorias e apenas um pouco menos exasperantes. Gemidos são, naturalmente, aceitáveis desde que sejam uma reação natural a um esforço. Mas, como o YogaDork aponta, ficam estranhos se parecem "orgasmáticos".

CELULARES

Nem precisa dizer: conversas ao celular, toques sonoros que não acabam e mensagens de texto são redondamente repudiados. Um professor cuja lista de reclamações foi publicada em fitsugar.com citou uma mulher que atendeu o celular e gritou: "Estou na (palavrão) da ioga. Por que está me ligando?"

HIGIENE

Ninguém tem o odor de rosas na aula de ioga. E nem deveria, porque algumas pessoas são alérgicas ou simplesmente não gostam de perfume. Mas o odor corporal também não deve provocar ânsia. Chulé pode ser ainda pior. "Aguento o cheiro de suor", disse o YogaDork, ¿mas não há nada pior do que um pé malcheiroso do seu lado quando você está de cabeça pra baixo e perto do pé da pessoa."

Em teoria, nada disso deveria nos incomodar, pelo menos não a alguns de nós. "Sem querer soar pessimista", disse Cunningham, "parece que as únicas pessoas que chegaram a esse grau de serenidade são os professores que praticaram na Índia em cabanas de barro".

Então, para aqueles que vivem em prédios, ergam-se à melodia dos caminhões de lixo e repousem com a canção dos cães latindo: mantenha suas roupas adequadas, seu celular desligado, seus oms afinados. E, pelo amor de Shiva, lave seus pés.

Namastê.

fonte: Terra - New York Times