Sem dor - Desenvolva a observação e proteja seu corpo



A filosofia do Yoga é baseada no autoconhecimento. O mesmo princípio se aplica na prática dos asanas. Toda atividade física necessita de cuidados mesmo antes de começar a ser praticada. Primeiro, requer uma avaliação da saúde por um especialista, para que a prática seja benéfica. E claro, sempre o bom senso, dentro do seu limite, que é o caminho do meio, tão citado na filosofia do Yoga.

O que se deve sentir após uma aula é bem-estar, equilíbrio e disposição. Desconfortos físicos ou mentais não devem ser sentidos após uma prática de Yoga. O sábio Patañjali, autor do Yoga Sutra, texto seminal desse sistema, define asana como a postura, firme e confortável (sthirasukham ásanam, YS,II:46). Então, caso você saiba que tem algum problema de saúde, tome os devidos cuidados e comunique ao seu professor antes de iniciar as aulas. Essa é a principal recomendação do professor de Yoga, Julio Fernandes, do Shiva Point, de São Paulo, que dá um curso sobre prevenção de lesões nos esportes. Ele defende a necessidade de se fazer uma anamnese, uma entrevista sobre as condições de saúde do aluno que inicia a prática. “Saber se o aluno fuma, se é sedentário, ou se toma algum medicamente contínuo é de grande valia”, conclui o instrutor.

“É importante esclarecer que os exames não impedem ninguém de fazer Yoga. Pelo contrário, quando detectamos algum problema, usamos essa informação para direcionar o aluno de modo que ele obtenha melhores resultados e não se machuque”, enfatiza o professor, que atualmente desenvolve uma pesquisa com novas técnicas contra lesões, utilizando bambu.

Confira a seguir as principais precauções que você deve ter antes de começar a aula:

1. Yoga não é competição, então, pratique sempre de acordo com seu próprio limite; isso não quer dizer não se esforçar, mas sim ter seu limite como patamar, e não o dos outros. Preste atenção na sua respiração — se ela ficar ofegante, pare o que está fazendo ou faça uma variação menos intensa.

2. Não force demais o corpo mesmo quando estiver aquecido, pois nesse caso você pode distender os músculos sem sentir na hora.

3. Aprenda a ouvir seu corpo. Você deve sentir-se confortável na postura. É normal sentir o músculo ou a articulação sendo trabalhada, mas saiba distinguir daquela dor que pode ser sinal de que está forçando demais.

4. Região lombar: cuidado com exageros nas hiperextensões, como setu bandha sarvangasana (postura da ponte), entre outras.

5. Hérnia de disco: fortaleça os grupos intercostais e aos poucos vá introduzindo as hiperextensões e torções. Caso tenha este problema, há certas posturas não poderá fazer. Converse com seu professor.

6. Pescoço e ombros: fortaleça previamente os punhos, braços e ombros para então praticar as “invertidas” como sirsasana (invertida sobre a cabeça) e sarvangasana (invertida sobre os ombros). Aguarde instruções do seu professor para começar a fazer sirsasana.

7. Joelhos: a postura sentada como a padmasana (postura de lótus) é muito requisitada durante a meditação. Caso não tenha a patela fortalecida e o quadril flexível, poderá ter dores nessa área. Então, mude de posição e faça outras variações. Faça posturas para abrir o quadril. Assim as posturas de meditação ficam mais confortáveis.

8. Punhos: para fortalecê-los, comece praticando posturas como chaturanga dandasana (postura dos quatro apoios), e sempre distribua o peso por igual nas duas palmas das mãos e braços. Use a força do abdome para não exigir demais os punhos.

9. Braços e pernas: é importante ter simetria e alinhamento dos membros superiores e inferiores. Você pode usar alguns recursos que facilitem sua prática, caso seja sedentário e tenha a musculatura posterior muito encurtada. Alguns exemplos são almofadas, faixas e blocos.

Fontes: Júlio Fernandes, do Shiva Point, e Rui Afonso, da Competition.