
RIO DE JANEIRO 15/11/2010 - O grande mestre indiano da flauta Bansuri e um dos raros expoentes vivos (ao lado de Ravi Shankar e Hariprasad Chaurasia) da notável geração de músicos que trouxeram esta rica tradição ao Ocidente a partir do final dos anos sessenta estará novamente no Brasil.
No melhor estilo dos home-recitals que encontramos na Índia, quando podemos ter um contato mais íntimo com o artista em âmbito "familiar", Sachdev se apresentará em uma cobertura no Rio de Janeiro, onde além de interpretar os belíssimos Ragas que tanto caracterizam a sua obra, dará uma palestra introdutória da música Hindustani (Norte da Índia), acompanhado por Júlio Falavigna na Tabla (percussão).
Confira a entrevista feita com ele na edição #34 da YJ e a agenda da visita do mestre abaixo:
Como foi o seu primeiro contato com a bansuri?Quando eu tinha 14 anos e morava na Índia, viajei para as montanhas e ouvi pastores levando os rebanhos tocando flauta. Amei aquele som e comecei a tocar as canções. Comprei a minha primeira flauta. Queria tocar uma música mais clássica, e procurei por cinco anos um professor com quem pudesse me conectar. Meus pais eram totalmente contra eu me tornar músico; eles queriam que eu fizesse medicina e tivesse uma família, porque na Índia é difícil sobreviver de música, mas eu não queria me casar e não me casei. Também tive de lutar para não me casar. Deixei meus pais para ir até o meu professor. Morei e estudei com ele por 12 anos. Quando ele me aceitou, disse que a única condição seria que eu praticasse bastante. Então eu praticava de oito a dez horas por dia, mas não sentia desconforto algum, só quando não praticava. Porque é algo que existe dentro de mim; eu não busquei isso no exterior. Quando ouvi aqueles pastores, entrei em contato comigo mesmo. Nós temos de seguir nossos chamados, pois, caso contrário, vamos viver em conflito.
O que é música espiritual, na sua opinião?
A música possui espiritualidade; não se pode dizer que uma música tem espiritualidade e outra não tem. Quando tocamos, precisamos de concentração e essa se torna a meditação.
Alguns acham que a espiritualidade é algo separado da gente, mas não é.
Como o senhor sente a música feita hoje?
Eu percebo que hoje em dia não se faz mais música como antes, porque o mundo todo está muito rápido. Parece não haver mais conexão entre a música e o coração devido a essa rapidez que o mercado exige. Os músicos precisam ganhar seu sustento e se rendem a isso. Levei de 12 a 15 anos para estudar menos de 10% da música clássica indiana. Mas gosto de vários tipos de música, mesmo não as compreendendo, pois elas tocam meu coração. Diria que minha música mescla tanto um mais alegre quanto um sentimento mais melancólico.
O senhor toca todos os dias?
Se eu não pratico todos os dias, não me sinto bem. Para mim, a prática é mais importante que a apresentação. A minha inspiração vem da própria música, a música é a inspiração em si. Redação e Gui Nascimento
Serviço:
Escutar e aprender com *G.S. Sachdev
Sábado, 20/11 às 18:00.
Valor: R$ 35 antecipado e R$ 45 no dia.
Master-Class para um aprofundamento prático-teórico da música clássica indiana
Domingo 21/11 às 10h
Valor: R$ 100 antecipado e R$120 no dia.
Vagas limitadas.
Local: Rua Humaitá, 229 /Apto 1104 - Rio de Janeiro
Informações: (21 ) 2512-2546 ou (21) 8728-3095
Fonte: Yoga Journal